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  • Writer's pictureAdhemar Altieri

Pandemia expõe êxodo da Califórnia e sucesso do Texas

A experiência de um empresário brasileiro que está vivenciando o boom

de um estado americano antes conhecido por petróleo, gado e cowboys


A crise causada pelo novo coronavírus está provocando uma profunda mudança socioeconômica nos Estados Unidos, algo que estamos assistindo de perto no Texas, onde nossa empresa tem sede desde 2008. Por razões opostas, enquanto a Califórnia sofre com um verdadeiro êxodo de pessoas e empresas, o Texas se consolida como o estado mais atraente dos EUA para negócios e novos moradores, que chegam às centenas de outras partes do país todos os dias.


Por trás dessa tendência envolvendo dois dos estados tradicionalmente mais prósperos do país está o modelo federativo americano, que dá aos estados autonomia sobre políticas sociais, fiscais e tributárias. Em um cenário de crise prolongada como o da pandemia, as empresas estão colocando as diferenças entre estados na balança e tomando decisões estratégicas e de grande impacto.

Esse processo ganhou impulso com a adoção crescente do home office. Dados do Serviço Postal dos EUA mostram que apenas entre fevereiro e julho de 2020, mais de 16 milhões de americanos se mudaram de grandes centros urbanos para moradias mais baratas, fora das grandes metrópoles.

 

O empresário Carlos Vaz, CEO e co-fundador da CONTI Organization

 

A incorporação do trabalho remoto estimulou grandes empresas a analisar opções para reduzir custos operacionais. Entre elas, mudar a sede corporativa ou parte das operações para estados com menos encargos e exigências burocráticas ou regulatórias.


A Califórnia, mesmo sendo o estado mais rico do país, está sendo diretamente afetada. A pandemia expôs problemas crônicos causados pelo excesso de leis e carga tributária elevada, que afetam toda a cadeia, com impacto na folha salarial das empresas e, por tabela, no custo de vida – que é em média 50% maior em San Francisco e Los Angeles do que nas cidades mais procuradas no Texas: Dallas, Houston, San Antonio e a capital, Austin, cada vez mais reconhecida como um novo hub das tecnologias digitais, espécie de Vale do Silício texano.


Os resultados dessa movimentação impressionam. Entre 2008 e 2019, mais de 18 mil empresas deixaram a Califórnia, tendência acelerada pela pandemia. E o Texas vem sendo um dos estados mais beneficiados. Desde o ano passado, a lista de multinacionais que deixaram a Califórnia em direção a cidades texanas não para de crescer: Hewlett Packard, Tesla, Toyota, Charles Schwab, Nestle e Oracle são os casos mais recentes.


O fato é que o Texas há muito deixou para trás a velha imagem de estado caipira, que tem como símbolo o chapéu de cowboy, a bota de couro e a dependência do petróleo. Esse Texas já não existia no início de 2007, quando eu vivia em Boston, na costa leste, e decidi dar uma guinada em minha vida. Depois de avaliar criteriosamente várias regiões dos EUA em busca dos melhores indicadores -- demográficos, de crescimento econômico e de criação de empregos --, o Texas chamou a atenção. Optei por me fixar em Dallas e até hoje comemoro o acerto dessa decisão.

Centro da cidade de Dallas, no Texas

 

Com taxa média de crescimento de 3,5% ao ano desde 2009, economia diversificada e boa oferta de empregos, o Texas também oferece vantagens fiscais – incluindo isenção de impostos estaduais para pessoas físicas e empresas --, excelente infraestrutura logística, universidades de ponta e custo de vida muito mais baixo se comparado ao da Califórnia. Tudo isso gera atividade econômica e oferta de bons empregos, produzindo demanda para o meu ramo de atividade.


Quando cheguei em Dallas, fundei a CONTI Organization em sociedade com um americano para atuar no segmento multifamily do mercado imobiliário, que não existe no Brasil mas é centenário nos EUA.

Nossa empresa adquire conjuntos residenciais horizontais exclusivamente para aluguel.

 

Conjunto habitacional em Dallas, típico do segmento Multifamily

 

A CONTI cria fundos, aplica os recursos na compra dos conjuntos, administra as propriedades e distribui parte dos aluguéis para remunerar os investidores.


O dinamismo da economia texana já era evidente antes da pandemia, e está se mantendo apesar dela. Mais de 120 grandes empresas levaram sua sede corporativa para o estado na última década, período em que a população do Texas cresceu 15,3%, bem acima do crescimento médio do país, de 6,3%. São pessoas que vêm de outras regiões dos EUA em busca de emprego e moradia, gerando demanda e influenciando diretamente os resultados da CONTI.


Hoje, 12 anos após sua fundação, a CONTI administra cerca de 10 mil apartamentos em 32 conjuntos residenciais espalhados por Dallas, Houston e Austin, cidades alvo das empresas e novos moradores que vêm escolhendo o Texas. Nossos resultados positivos, crescendo em paralelo à expansão texana, são um exemplo de sucesso fomentado pelo modelo econômico do estado. Nossos resultados positivos, crescendo em paralelo à expansão texana, são um exemplo de sucesso fomentado pelo modelo econômico do estado.


Em plena pandemia, mantivemos nossos 300 funcionários sem qualquer demissão, continuamos crescendo e abrimos escritórios em Miami e São Paulo para aprimorar o atendimento a investidores brasileiros, que cada vez mais descobrem o boom texano. Com a pandemia entrando na mira da vacinação em massa, tudo indica que a CONTI e o Texas vão continuar com o pé no acelerador.


*Carlos Vaz, brasileiro de Itajubá (MG) radicado nos Estados Unidos desde 2001, é co-fundador e CEO da Conti Organization, empresa com sede em Dallas, no Texas, especializada em investimentos no segmento ‘multifamily’ do setor imobiliário americano, adquirindo e administrando conjuntos habitacionais exclusivamente para aluguel. A CONTI conta com mais de 300 profissionais em sua equipe e investidores em diversos países.

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