MARCO ANTONIO ROCHA*
Estamos em pleno mar, diria o imenso poeta de Navio Negreiro, Antonio Frederico de Castro Alves. Estamos em pleno mar de indagações, diria este inculto e nada belo jornalista, de poucas letras, cultura e muitas duvidas. Mas, estamos num ponto de inflexão da curva da história brasileira.
Podemos sair destas eleições e desta crise deixando para trás a longa fase de tentativas de "modernização autoritária" que, segundo Luis Werneck Vianna, no Estadão de 02 de setembro último, veio do inicio da era Vargas nos anos '30, até Dilma Rousseff, com seu keynesianismo de algibeira.
E aí, enveredarmos para a construção de uma sociedade fundada no que nos trás de novo o Seculo XXI tanto no plano tecnológico quanto no ideológico. Ou podemos ficar patinando neste Estado-Nação falido, sem perspectivas animadoras para o futuro.
O PT sai das derrotas sem entender que sua fase e seus bons-e-maus trabalhos terminaram. Ameaça a Justiça e a democracia brasileira, como se viu na propaganda do partido, no primeiro dia após a decisão do TSE. Busca apoio internacional para uma revanche que reponha Lula na campanha presidencial e devolva a história brasileira ao pastiche do "varguismo" com que o partido se impôs ao eleitorado durante 13 anos.
Dos demais candidatos nada se espera a não ser mais do mesmo. Ou seja, novas e maiores doses de varguismo ultrapassado para os pobres, a fim de competir com o discurso do PT; mas, nada, nem uma palavra sobre um novo modelo de desenvolvimento para o País, que se dê conta daquilo que o Século XXI está impondo.
Getúlio Vargas, já no inicio dos anos '30 veio com uma proposta de desenvolvimento: a industrialização. Juscelino Kubitschek a impulsionou. Lula e Dilma a complementaram com a ampliação da sociedade de consumo incorporando os pobres e miseráveis a ela. Esse modelo está exaurido. A única possibilidade de que continue se expandindo, num ritmo cada vez menor, é pelo aumento da produtividade dos mesmos fatores de capital que temos instalados.
Por isso precisamos de um modelo que absorva novos fatores de capital, novas tecnologias, novos tipos de fatores de trabalho com mais instrução, treinamento e educação, novos tipos de financiamentos e toda uma nova concepção de relacionamento empresas-sociedade-trabalho-capital.
Nada disso está sendo enfocado ou minimamente tratado nos programas ou campanhas dos candidatos, que apenas são qualificados pelos eleitores como de direita, de esquerda, de centro, ou de nada. Qualificações que não têm mais nenhum sentido no Século XXI e não apontam nenhum rumo ou modelo para o País.
*MARCO ANTONIO ROCHA, jornalista, é ex-editorialista do jornal O Estado de S. Paulo.
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